sexta-feira, 19 de abril de 2024

PARASHAT METSORÁ
Levítico 14:1 – 15:33
RESUMO DA PARASHÁ
Após a discussão ao final da porção da semana passada, a respeito da tumá resultante de animais mortos, a Parashá Tazria (Vayicrá 12:1-13:59) introduz as várias categorias de tumá emanando de seres humanos, começando com uma mulher dando à luz. O restante da porção descreve com riqueza de detalhes as várias e numerosas manifestações da doença chamada tsaraat .
Embora tenha sido traduzida erroneamente como lepra, esta doença de pele tem pouca semelhança com qualquer moléstia corporal transmitida através do contato normal. Ao contrário, tsaraat é a manifestação física de uma doença espiritual, uma punição enviada por D'us, primeiro pelo pecado da maledicência, entre outras transgressões e comportamento anti-social.
Êxodo 4:6 , 7
"6Disse-lhe mais o Senhor: "Coloque a mão no peito". Moisés obedeceu e, quando a retirou, ela estava leprosa; parecia neve.
7Ordenou-lhe depois: "Agora, coloque de novo a mão no peito". Moisés tornou a pôr a mão no peito e, quando a tirou, ela estava novamente como o restante da sua pele."

Conhecida como metsorá, a pessoa afligida por uma mancha parecida com tsaraat na pele está sujeita a uma série de exames por um cohen, que declara se o paciente está tahor ou tamê.
Se for tamê, ele será isolado para fora do acampamento, um castigo apropriado para alguém cuja língua infame fez com que pessoas se separassem umas das outras. Após descrever os vários tipos, cores e manifestações da doença na pele, cabeça e barba da pessoa, a porção conclui com uma discussão sobre as vestes contaminadas por tsaraat.
A Parashá Metsorá continua a discussão de tsaraat , detalhando o processo de purificação de três partes da metsorá, ministrada por um cohen, completa com imersões, Corbanot, e a raspagem de todo o corpo. Após uma demorada descrição da tsaraat em casas e a ordem de demolir toda a residência caso a doença tenha se espalhado, o capítulo final da porção discute várias categorias de emissões humanas naturais, que tornam uma pessoa impura em graus variáveis.

Mas de que fala mesmo esta porção?
Qual o tema?
Qual palavra resume esta porção?
Se mudarmos nossa atenção agora ao outro ponto em questão, a aflição da tsaraat, descobrimos que a Torá inicia a discussão da pessoa atacada por esta doença sem nenhum tipo de introdução; o leitor é lançado imediatamente numa discussão abrangente das várias formas e manifestações da tsaraat. A torá não faz rodeios, vai direto ao ponto.
Nós também devemos ir ao ponto e evitar fazer rodeios improdutivos.
Qual foi a primeira citação de uma pessoa leprosa na bíblia?
Moshé foi esta pessoa. Ele duvidou de Deus e falou mal de Deus de forma indireta.
"Mas não crerão em mim." – O Senhor diz que eu devo fazer assim e assim. Eu duvido que seja verdade que fazendo insto ou falando o que o Senhor me manda ocorrerá o resultado esperado.
"Quando me perguntarem que Deus é, falarei o que?" - Nem eu mesmo te conheço.
"Mas eu não tenho condições de fazer." – Deus disse: "Eu serei contigo e porei na tua boca o que hás de falar."
Moshé desfez as afirmações de Deus e Deus o ensinou algumas lições.
Um treinamento intensivo de não questionar a Deus.
As pessoas de um modo geral se impressiona mais pelo que veem.
Mesmo nos dias atuais, uma manifestação que os olhos veem impressiona mais do que palavras faladas.
As pessoas não sabem que é mais fácil enganar os olhos do que uma boa audição e uma mente perspicaz.
A segunda situação em que temos anotação de uma manifestação de tzaraat, foi em Números 12.
Números 12:1 - 15
"1Miriã e Arão começaram a criticar Moisés porque ele havia se casado com uma mulher etíope.
2"Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés?", perguntaram. "Também não tem ele falado por meio de nós?" E o Senhor ouviu isso.
3Ora, Moisés era um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra.
4Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: "Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três". E os três foram para lá.
5Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da Tenda, chamou Arão e Miriã. Os dois vieram à frente,
6e ele disse:
"Ouçam as minhas palavras:
Quando entre vocês
há um profeta do Senhor,
a ele me revelo em visões,
em sonhos falo com ele.
7Não é assim, porém,
com meu servo Moisés,
que é fiel em toda a minha casa.
8Com ele falo face a face,
claramente, e não por enigmas;
e ele vê a forma do Senhor.
Por que não temeram
criticar meu servo Moisés?"
9Então a ira do Senhor acendeu-se contra eles, e ele os deixou.
10Quando a nuvem se afastou da Tenda, Miriã estava leprosa; sua aparência era como a da neve. Arão voltou-se para Miriã, viu que ela estava com lepra
11e disse a Moisés: "Por favor, meu senhor, não nos castigue pelo pecado que tão tolamente cometemos.
12Não permita que ela fique como um feto abortado que sai do ventre de sua mãe com a metade do corpo destruída".
13Então Moisés clamou ao Senhor: "Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe cura!"
14O Senhor respondeu a Moisés: "Se o pai dela lhe tivesse cuspido no rosto, não estaria ela envergonhada sete dias? Que fique isolada fora do acampamento sete dias; depois ela poderá ser trazida de volta".
15Então Miriã ficou isolada sete dias fora do acampamento, e o povo não partiu enquanto ela não foi trazida de volta.

Nestes textos temos situações das quais podemos inferir a causa primária do tsaraat. Nas duas situações está bem estabelecido o lashon hará.
O que é Lashon Hará?
Lashon hará é uma observação negativa verdadeira sobre outra pessoa.
Falar sobre indiscrição ou falhas de alguém é ainda pior; isso é chamado lashon hara (a língua do mal).
Maledicência infundada que cria desacordo (motzi shem ra – Metsorá) é ainda pior.
Palavras carregam o potencial de causar dano catastrófico, com frequência prejudicando e separando famílias e amizades.
"Uma palavra fora da boca é uma pedra fora da mão."
1 – Também é proibido ouvir lashon hara. Alguém tentando passar a você alguma informação interessante? Desculpe-se educadamente, ou mude de assunto. Melhor ainda, explique por que você não está interessado em ouvir.
2 – Às vezes, até um "elogio" pode ter uma conotação negativa. Exemplo: "Meu vizinho é um grande chefe de cozinha! O aroma da carne grelhada chega ao meu quintal toda noite!" Isso é também uma crítica velada de um estilo de vida festivo e caro?
3 – Até o lashon hará não dito. "Oh, não pergunte: Eu acho melhor não falar sobre Mark…" Rapaz, não te conto! – está implícito.
Aquele que era atingido pela tzaraat devia ser afastado da vida em comunidade. Se isolar longe de todos.
Somente o sacerdote podia se aproximar de um leproso. Aliás o leproso tinha de se apresentar regularmente ao sacerdote. Indicando a conotação espiritual da situação.
O isolamento servia para evitar a pessoa de contaminar outros e também para levar a pessoa afetada a refletir sobre a origem de tudo aquilo.
A fim de avaliar a gravidade de suas ações.
O objetivo final não é punição, mas retificação, teshuvá.
Espera-se que toda esta angústia e tormento ajude a reconhecer seu mau procedimento e leve-a ao arrependimento.
A Torá aqui deseja nos ensinar o poder da palavra.
Mateus 12: 33 – 37
""33Considerem: Uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto.
34Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração.
35O homem bom do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más.
36Mas eu digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado.
37Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados".

Toda palavra pronunciada deve ser cuidadosamente medida.
Até um comentário aparentemente inofensivo sobre uma pessoa deve ser tratado.
As palavras têm um significado. Possuem poder!
Não podemos permitir que nossa boca aja livremente, sem qualquer preocupação quanto ao resultado.
Como a Torá nos foi outorgada no Monte Sinai?
Foi um rolo de escritos que caiu do céu?
Não. Foi através da palavra sagrada – Lason Hakodesh – proferida por D'us.
Ficamos desfigurados quando usamos palavras para condenar e não para comunicar; fechar em vez de abrir mentes; quando usamos a linguagem como uma arma e a manejamos brutalmente.
A mensagem de Metsora permanece viva nos dias atuais.
Tiago 1: 19 - 26
Praticantes da palavra
19Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se,
20pois a ira do homem não produz a justiça de Deus.
21Portanto, livrem-se de toda impureza moral e da maldade que prevalece e aceitem humildemente a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los.
22Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando vocês mesmos.
23Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho
24e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência.
25Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita, que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer.
26Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião não tem valor algum!"

A violência linguística não é menos selvagem do que a violência física, e aqueles que afligem os outros são afligidos. Palavras ferem. Os insultos ferem. A linguagem maldosa destrói as comunidades.
A linguagem é o maior presente de D-s para a humanidade e deve ser guardada cuidadosamente.
Exercer autocontrole sobre aquilo que dizemos é admirável.
Melhor ainda é a capacidade de realmente respeitar e amar cada pessoa, erradicando o negativo e perdendo o desejo de partilhar má informação sobre ela.
O poder destrutivo da fala negativa é superado somente pelo poder benéfico da fala positiva. Elogiar e falar positivamente sobre nosso próximo beneficia a nós mesmos, a pessoa sendo elogiada e toda a sociedade.
Tiago 2:2 - 12
2Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo.
3Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo.
4Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto.
5Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha.
6Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno.
7Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e tem sido domada pela espécie humana;
8a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero.
9Com a língua bendizemos o Senhor e Pai e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
10Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim!
11Acaso podem sair água doce e água amarga da mesma fonte?
12Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce."

O antídoto do lashon hará é o estudo da torá. O estudo do lashon hakodesh.


Ass. Pr Charles A R de Andrade